quarta-feira, 16 de março de 2011

Terceirão AcrE! - Capítulo 9

Assíduos leitores, peço ajuda para revisar os textos, eu estou na febre aqui digitando loucamente na esperança de adiantar o trabalho bastante antes do início da UnB, muitos erros e incoerências acabam passando, então se você achou algo errado ou não entendeu um trecho, não tenha pudor e venha falar comigo ok?
Beijos, JGisler

--- Capítulo 9
No mesmo dia, Júlia veio me procurar durante os cinco minutos de intervalo, com uma expressão de sofrimento e melancolia profundos, causados pela heresia de Max.

- Estou de luto. – Ela declarou desabando na cadeira vazia atrás de mim, em normalmente Eduardo Nery se sentava, mas ele havia faltado, era de seu hábito faltar pelo menos uma vez na semana. – Quer se juntar a mim?

- Prefiro ficar no meu solitário ostracismo sofredor.

- Você é um poeta emo. – Ela disse desdenhosa.

- Não sou emo. – Protestei, para fortalecer minha defesa tirei minha franja escura dos olhos.

- Claro que não! Por isso que você tem um pôster do MCR no quarto.

Ela não conhecia meu quarto, contudo ela dera um belo chute, o único detalhe era que o pôster não era do My Chemical Romance, então a corrigi:

- É do Tókio Hotel o pôster que tenho no quarto. E o vocalista é gato.

- É o seu lado heterossexual falando, Thiago, aquela coisa andrógena está mais para mulher do que para homem.

- Não enche.

Acompanhei a movimentação da sala com o olhar, eles pareciam ansiosos para a semana de provas, supunha que muitos deviam notas altas para passar.

Parte da sala que não saíra para comprar fichas na cantina ou pegar coisas no armário estava debruçada sobre as questões de Física que Marcos Kanso começara a fazer em sala, ele era de longe um dos professores que mais gostava, tinha personalidade por alternar sua ida na escola entre um fusca tunado e uma bicicleta, era daltônico e poderia ser facilmente descrito pela fusão entre o personagem Sid (da Era do Gelo) e uma pomba que torce o pescoço porque só vê lateralmente.

Yuri estava sem seus óculos e tinha o rosto voltado em nossa direção, contudo encarava uma superfície imaginária, seu olhar estava alto demais para estar olhando para o chão e ao mesmo tempo baixo de mais para estar olhando pela janela, claramente estava imerso em seus próprios pensamentos e, estranhamente, continuava sexy.

Júlia calculou a altura que ele olhava e mexeu a mão histericamente para despertá-lo de sua transcendência, ele se assustou com a abordagem empregada por ela, sorriu envergonhado como quem é flagrado fazendo algo errado e voltou a olhar para seu caderno.

- Quando eu viajava na maionese, meu pai costumava me falar “uma moeda pelo seu pensamento” – Júlia me confidenciou. – Eu já estaria rica se soubesse o que responder.

- Como assim? Você não sabia o que estava pensando.

- Pô, , eu estava viajando na maionese, ao mesmo tempo que eu pensava em tudo, pensava em nada, nunca sabendo em que especificamente estava pensando, nada que pudesse ser explicado na hora com palavras pelo menos.

- Você é doida, Júlia.

Ela sorriu como se ser chamada de doida fosse um elogio e deu os ombros.

Deixei novamente meu olhar vagar pela sala até encontrar Paulo arrumando seu material sob a carteira, não sei porque eu tinha vontade de mordiscar os nós de seus dedos.

Dessa vez eu fui flagrado por Júlia.

- Você deveria parar de olhar Paulo assim. – Ela comentou baixinho.

- Assim como? – Perguntei sem tirar os olhos dele que estava conversando com Pedro e se espreguiçando, queria estar mais perto dele para ouvir seus ossos estalando.

- Como se ele fosse um pedaço de picanha. Vai deixá-lo constrangido. – Aquilo soava ainda mais engraçado pelo fato dele ser vegetariano também.

- Se ele fosse um pedaço de picanha...

- Não! Caralho, não continue, Thiago!

- ... O comeria por in...

- Puta que pariu, cala a boca! – Júlia choramingou – Não macule a imagem que tenho de Paulo... por favor.

- ... com molho barbecue.

- Ai! Meus olhos ardem, MEUS OLHOS ARDEM. – Júlia fechou os olhos com as mãos e pareceu agonizar sobre a carteira. – POR QUÊ? Seu bosta, bundão, nunca mais vou conseguir ver Paulo da mesma maneira.

Eu sorri torto para ela e disse sério:

- Faz um tempo que eu não como carne vermelha.

- Virar vegetariano não vai fazê-los mudar de time. – Júlia disse com simplicidade, notei que ela não conseguiu olhar para mim por muito tempo.

A aula do Brandão já havia começado, mas continuamos conversando enquanto ele não conseguia controlar a turma.

- Dia 14 foi dia de sair do armário, Thi. Você deveria ter aproveitado a data. – Ela me provocou falando baixinho perto do meu ouvido.

- Não me chame de Thi. – Retruquei olhando por cima do ombro para ela. – E eu, de fato, teria aproveitado a data, se eu tivesse algum companheiro de barco, como Yuri.

- Vá tomar no cu, antes que eu me esqueça. – Júlia falou num sussurro urgente. – Não macule Yuri com seus planos sórdidos, já me basta Paulo. E mais... Reflita comigo, para sair do armário, Thiago, a pessoa tem que ter entrado nele um dia.

Ok, o raciocino dela me pareceu bastante lógico e plausível.

- Você já sabe se ele é... ? – Júlia indagou calmamente e deixou o resto da pergunta no ar, provavelmente era um assunto delicado e era meu dever adivinhar do que ela falava.

- Quê? – Estava meio impaciente para joguinhos.

- Você sabe ser Bawden dá... ré no quibe?

Não consegui segurar minha risada.

- Ré... No... Quibe? – Perguntei entre as gargalhadas. – Quem diz isso hoje em dia?

- CALA A BOCAAAA! – Gritou Ivy, impaciente, aparentemente eu havia esquecido que estávamos tento uma aula importantíssima de Geografia.

- Desculpa! – Murmurei para a menina que me lançou um sincero olhar homicida.

Olhei para Júlia atrás de mim e trocamos um olhar cúmplice, pude ver por antecipação nos seus olhos que ela ia cair na risada, ela escondeu o rosto na carteira e tentou abafar o som e precisei fazer o mesmo.

Em poucos segundos ela conseguiu se acalmar e passou a se fingir de interessada nos slides que o professor passava, ela era muito boa nisso, por fizera até algumas perguntas complexas para o professor.

Lá pelas tantas senti algo bater em minha cabeça e um bilhete que fora tortamente arremessado caiu em minha carteira, pude ouvir Júlia novamente abafar uma risada, ela não tinha uma coordenação motora decente.

Acho que você deveria saber. Quer que eu pergunte prá ele?

P.S.: É a Júlia

Nem precisei pensar muito para respondê-la.

“Você é LOUCA! Hoje é segunda-feira! Nenhuma boa notícia chega numa segunda-feira!”

Deixa de ser supersticioso. Não vai ser o dia da semana que vai mudar a resposta dele.”

Novamente ela conseguiu ser bastante coesa, não tinha o que dizer para ela.

Um comentário:

  1. juju que trabalheira!! mas ta tão lindoo huashuhas
    quanto tempo a gente esperava para ler suas historias. ^^
    saudades

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