quinta-feira, 2 de julho de 2009

Capítulo 10 – Uma aula de história

Capítulo 10 – Uma aula de história

Organizei minhas coisas e me vesti apropriadamente para ir a Área. Pedi a Hitler para se comportar, mas sabia que mesmo que implorasse de joelho a eles, não iria adiantar nada.

Eu tinha três carros na garagem um sedan prata, que até desconhecia o nome de tão novo que era, tinha câmbio automático, ignição automática e outras veadagens. O segundo era um esportivo chamativo, conversível, meu favorito.

O terceiro foi o que escolhi, era um GOL fodido, que por mais que reformasse todos os anos, ele insistia em cair aos pedaços.

Era duro, barulhento, lerdo, pesado. Girar o volante era como malhar, pesava toneladas. Eu, de alguma maneira, não conseguia me livrar de meu primeiro carro.

Rodei pela cidade, o sol ainda estava alto, e o dia estava quente. Atravessei os bairros ricos e planejados do subúrbio.

Entrei em uma estrada tortuosa que levava para a Área, o sol foi coberto pelas nuvens e dramaticamente, foi como se tudo relacionado aquele lugar fosse mais sombrio.

Agora, uma aula de história.

A Área foi reconhecida como uma cidade autônoma há um pouco mais de uma década, mas começou a ser formado nos anos cinqüenta. A cidade irregular ficava escondida entre colinas, era formada por casas germinadas e prédios econômicos de até três andares, que caiam aos pedaços, tinham janelas quebradas e não eram pintadas, o cinza do concreto era a cor que dominava a cidade.

Duas vias, as únicas asfaltadas e corretamente iluminadas, cortavam a Área, formando uma cruz. Ao centro da cidade havia uma majestosa catedral cercada por altos muros de pedra. Aquilo era o coração da cidade, que pulsava o sangue venenoso por ela e garantia as doses diárias de tabaco, álcool e cocaína. Aquilo era o cérebro da cidade, onde os mercenários e mafiosos ficavam, preparando a próxima geração e...

Bem, mais tarde vou falar sobre o treinamento mais a fundo.

Se você for católico, não se ofenda, mas siga meu conselho, não procure esta catedral querendo se confessar. Se você procurar pelos padres vai achá-los um pouco calados... E esqueleticamente magros.

Alguns na ala externa ao sul, a sete palmos, em caixões ou valas comuns. Outros são menos tímidos e podem ser encontrados pela catedral. Eu detestava pisar neles, achava extremamente desrespeitoso quando tinha seu fêmur chutado ou seu crânio pisado. Mas não era minha culpa eles estarem por todos os lados.

A Área foi criada para acabar com o inchaço urbana, e a população urbana foi obrigada a se instalar lá, até então era denominada de Projeto L (50).

Nos primeiros oito anos de tudo ia bem, na década de 60 os problemas com o tráfico começaram, e em poucos meses a cidade intera estava contaminada.

No início dos anos setenta, dois terços da cidade havia sido ocupados, mesmo com o tráfico o governo continuou isolando mais e mais pessoas na Área, sem se preocupar com a proporção do problema.

Policias foram mandados, mas não resolveram nada, só pioraram, tornando o tráfico existente mais complexo. Antes do final da década de 70, foram enviados soldados da tropa nacional.

Os militares agiram da pior maneira possível. Ocorreu um massacrem, até ai estava tudo indo conforme o combinado, afinal, os militares são treinados para matar, e não para prender.

A situação pior a que me referia, foi a ganância e a corrupção que tomaram os soldados. Eles eram a força máxima na cidade, eles eram a lei, o poder os cegou.

Eles se estabilizaram na região, e o tráfico virou uma forte máfia.

E eu fui treinado por estes soldados.