terça-feira, 15 de março de 2011

Terceirão AcrE - Capítulo 1

-- Capítulo 1

Minha vida nunca foi fácil, foi muito confortável, não nego, mas sempre me senti deslocado sendo o último filho de um casal que tivera três mochinhas antes de mim.

Se eu pudesse escolher minha opção sexual, teria escolhido o caminho mais fácil. Fora um choque quando percebi que só acompanhava o Brasileirão por causa dos jogadores suados de coxas (e todo o resto) fortes, fora um choque quando percebi que só lia a Playboy pelas piadinhas pornográficas.

Eu não soube o que fazer quando notei que os modelos de cueca me atraiam mais que Juliana Paes (ou qualquer outra mulher que posava usando Lupo ou Hope).

Passei parte do meu Ensino Fundamental tentando provar a mim mesmo que meninas podiam ser interessantes. Beijara até algumas.

Quando cheguei ao Ensino Médio já estava convencido que não adiantava negar.

Eu gostava de garotos. Garotos com barba por fazer e pescoço salgado, fantasiava diariamente com beijos selvagens e abraços fortes.

E o que eu podia fazer para realizar meus sonhos insólitos? Aqui, nessa maldita cidade conhecida como escala para o inferno, a homossexualidade parecia ser sinônimo de irresponsabilidade suprema. Para ser gay em Brasília era quase obrigatório ser um bêbado porra-louca. Isso me deixa puto.

Muito puto.

Eu não queria me embebedar para pegar um cara que já havia rodado a capital (mais Entorno) inteira.

Não... Eu, como qualquer outra pessoa, quero romance, quero ser amado.

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